outubro, 23, cataguases.
56 anos de estrada
minas-rio-bahia.
sobrevive
tão-somente
em seu caminho
algumas vezes casado
momentaneamente
descasado
e só-sozinho.
pai de ulla
pai de pablo
& avô de júlia.
atônito atordoado
há tempos re-nato e vivo:
quatro anos safenado,
fora mamárias lava-jato
quatro anos na íntegra
macrô, mato, capim
e o caminhar
na areia azul sem fim
por todos os lu(g)ares
mar de não se acabar
de deuses e diabos
mar de manjares
angu frango quiabo
cações cascudos camarões
vorazes e impávidos
tournedos au poîvre.
compulsivo mar
mas com non-chalance:
amendoim chocolate
tudo que tiver chance
tudo que na boca abacate
o poeta manda e abate o pé
e clama-exclama:
nakayama! nakayama!
sorvetes pizzas patês
na solita madrugada
tudo que a vida dendê
a dita de veias avariadas.
crê que sem comer
viver possa um dia:
nunca sem poesia.
Cataguases/1999