1943

Poemas 

 

outubro, 23, cataguases.
56 anos de estrada 
minas-rio-bahia.
sobrevive
tão-somente 
em seu caminho
algumas vezes casado 
momentaneamente
descasado 
e só-sozinho.

pai de ulla
pai de pablo
& avô de júlia.
atônito atordoado
há tempos re-nato e vivo:
quatro anos safenado, 
fora mamárias lava-jato
quatro anos na íntegra

macrô, mato, capim
e o caminhar
na areia azul sem fim

por todos os lu(g)ares
mar de não se acabar
de deuses e diabos
mar de manjares


angu frango quiabo
cações cascudos camarões 
vorazes e impávidos
tournedos au poîvre.


compulsivo mar
mas com non-chalance:
amendoim chocolate
tudo que tiver chance


tudo que na boca abacate
o poeta manda e abate o pé
e clama-exclama:
nakayama! nakayama!

sorvetes pizzas patês
na solita madrugada
tudo que a vida dendê
a dita de veias avariadas.

crê que sem comer
viver possa um dia:
nunca sem poesia.

 

Cataguases/1999

 


Ronaldo Werneck