com maiakovski
meu mestre
aprendi
que a vida
está pela 7
com maia
kovski
meu
mestre
aprendi
a part
ir o verso
sabendo
que o poema
jamais vem
ou sobrevém
da bola tonta
que
escorre
mas sim
como as
palavras
da bola que sabe
qdo
onde
como
por que
morre
com maiakovski
meu mestre
aprendi a destreza do taco
o sentido exato
do poema
direcionado
com maiakovski
meu mestre
apreendi
justo existir
proeza breve
susto
que resvala
de dentro
(d)efeito à toa
de bola fora
que desvairada
do centro voa
bola
laica
assassinada
lou'cabala
descuidada
bola-bólido
que embola
e explode
nas entranhas
sólido
sol de passagem
desarvorado
fora de centro
viagem em vão
voragem
que nas estranjas
sacode
os dentros e adentros do suicidado
com maiakovski
meu mestre
aprendi
que
bola de marfim
a revolução
é o não
no centro do sim
é força extrema
e ancha
e como o poema
não está na concha
mas na gema
com meu taco
com maiakovski
aprendi
a esgrimar palavras
a dar rumo
e velocidade
quem diria
às bolas
ao sexo
e à poesia
fêmea caprichosa
aprendi
a espantar o tédio
não com rosas
mas com a emoção
da vida e seu ofício
vodka
trabalho
bilhar
trabalho
fumo
trabalho
conas
trabalho
porradas
e o prazer
do sacrifício
com maiakovski
meu mestre
aprendi que o poema
é bicho sestroso
é mesa de bilhar
macio e perigoso
estrôncio há
há sob o verde
ah
núcleo
átomo
campo
minado
com
mkvsk
m mstr
aprnd
explo
o vrs
o verso
como o taco
um estopim
onde se arrisca
a ex-pl-o-s-~a-o
de cada
palavra-bola
com
maia
koviski
meu mestre
aprendi que
como o poema
e o bilhar
viver
é
vício
e compromisso
e ninguém escapa
da 7
e da sorte
da 7
e da morte
inserta
na caçapa
mas aprendi também
a tentar
outras bolas
a bater
forte
abater outras 7
e outras e outras e outras
às vezes fácil
às veses físsil
estrôncio há
há sob o verde ah
salto sobre a mesa minada
— este o ofício.