Antônio Jaime Soares, meu poeta. Deixa isso de polêmica pra lá, vem pra cá. Vem, meu irmãozinho, curtir o Brasileirinho. Sim, mon cher Tonjaim, azar se não as há, mas há sempre controvérsias. E até mesmo da parte do próprio Roberto Moura, nosso crítico de música do coração, citado por você, e que me mandou email dizendo: “Perdi o show, que agora você me traz embalado em palavras lindas”. Nenhum palavra, vamos dizer, “desairosa” (eu, hein Rosa!) sobre a Beta-baianinha, que é pequenina, é miudinha, é quase nada, mas não tem outra mais bonita no lugar.
E os textos de antanho continuam, do samba em festa ao nordeste cabra-da-peste. No palco, o Nosso Samba e o Quinteto Violado.
O meu, o nosso, o Seu Samba
Violão, pandeiro, tamborim na marcação. Stênio. Pandeiro, tamborim na marcação. E reco-reco. Barbosa. Na marcação, um samba surdo, sustentando. Gordinho. E agogô. Genaro. Pandeiro. Cuíca na marcação. Nô. E um cavaquinho na noite nossa, Nosso Samba. Carlinhos. Salgueiro. Manga. Portela. O samba ágil. Solto. Maneiro. Na marcação, a alma do brasileiro. Tamborim e reco-reco. Meu mensageiro: leva o recado.
Todos da Saúde. Todos de blocos do bairro. “Moreira Pinto”. “Pulo do Gato”. “Coração das Meninas”. E por aí vai. Maneiros. Malandreiros. Brasileiros. No Carnaval, todos na mesma Escola. E são um, e todos, e multidão. Breque. Surdo no fundo da noite. Tamborim na marcação. Salgueiro. Manga. Portela. O samba. Eu, você, nós somos o samba. Bem brasileiro. Apesar de. Na marcação, um coração ardendo. Um coração batendo um samba certo, bem brasileiro. E o nosso samba crescendo. Violão. Pandeiro. Tamborim na marcação. Carlinhos. Gordinho. Barbosa. Genaro. Nô. Stênio. E reco-reco. E breque. E todos nós, o samba no sangue.
Renato Ennes nas bocas, nas bicas, nas dicas. A palavra certa. A jogada certa. E o tamborim, o reco-reco. Na marcação, o samba certo. Violão, pandeiro. Midem, Lisboa com Clara Nunes. O samba certo. Um surdo e o reco-reco. O samba, o Nosso Samba chega maneiro. Breque. Leva o meu, o Seu Samba. O Nosso chega primeiro. Porque é bamba e verdadeiro. Único mensageiro. Breque. Leva o meu, o seu o Nosso Samba, amor primeiro. Stênio. Barbosa. Gordinho. Genaro. Nô. Carlinhos. Leva o meu samba. E bota a saideira. A saideira, não: a penúltima, que a noite, o som e o samba são minha emoção primeira.
O som, o coreto e a sala
do cordel ao erudito,
flauta e som violado,
sando, marcelo, toinho.
eta quinteto danado!
quinteto de três, oxente?
que conta mais da safada!
quéde o som e a enchente,
os moço das embolada?
sando, marcelo, toinho,
flauta, violão e baixo.
luciano e fernandinho.
eta quinteto dos diacho!
nas planuras do nordeste
nunca não se viu pr´ali
ou pr´aqui, sul, sóis dali,
gente tão da gota e da peste!
qual pimenta malagueta,
o quinteto mais porreta
ardeu, bagunçou de cara,
o som, o coreto e a sala.
RW - 16.09.2004